O país do futebol também é o país da reciclagem das latinhas. Desde 2001, o Brasil mantém-se no primeiro lugar no ranking mundial de reaproveitamento de latas de alumínio. A última pesquisa feita pela Abal (Associação Brasileira de Alumínio), referente a 2008, mostra um reaproveitamento de 91,5% das 13 bilhões de latas consumidas no país. Em números totais, isso corresponde a 12,3 bilhões de unidades ou 165,8 mil toneladas da sucata.
O grande responsável pelo alto índice é a política de reciclagem geradora de um lucrativo mercado. Os valores anuais batem R$ 1,6 bilhão. Isso levando-se em conta apenas a área de coleta e compra de latas usadas. Os principais beneficiados são trabalhadores de mão de obra desqualificada.
Através da atividade de reciclagem, muitos complementam sua renda ou até mesmo fazem da atividade seu ganha-pão. Segundo dados da ONG Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), uma rede de 130 mil sucateiros e catadores é responsável por 50% do suprimento de alumínio à indústria. A outra metade viria de supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas.
Os benefícios ambientais são claros. No processo gasta-se somente 5% de energia do que seria usado na produção tradicional. Isso significa uma economia igual a três horas de televisão ligada ou a uma lâmpada de 100 watts acesa por 20 horas para cada lata individual. Em termos ecológicos, são cinco quilos de bauxita (mineral de onde o alumínio é extraído) preservados na natureza para cada quilo produzido, e 95% de gás carbônico a menos emitido no ar.
A reciclagem começa com o catador vendendo para cooperativas. Essas cooperativas revendem às empresas de fundição, onde o alumínio é derretido e transformado em lingotes. Daí, os fabricantes de lâminas de alumínio comercializam as chapas para indústrias de bebida e outros. Em 30 dias, a “mesma” lata volta às mãos do consumidor. Elas são reconhecidas com o símbolo AL circulado por duas setas. O processo reaproveita 100% da lata antiga, produz 75 latas novas por quilo e pode se repetir infinitas vezes já que o alumínio não perde suas propriedades.
Apesar dos excelentes números, dá para voar mais alto. Diante da relação entre sucata reaproveitada e consumo doméstico total do alumínio, a porcentagem está na margem 35,3%, um pouco acima da média mundial 33,5%. Seis países estão na frente do Brasil nesse item: Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Itália e Coréia do Sul.
Andrés Bruzzone Comunicação
www.terra.com.br
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